Dr. Victor Emmanuel – Neurocirurgião

A hidrocefalia é uma condição neurológica que ocorre quando o líquido cefalorraquidiano (LCR) se acumula no cérebro, levando a um aumento da pressão intracraniana.

Essa situação pode afetar indivíduos de todas as idades, desde recém-nascidos até adultos, e apresenta diversos desafios tanto no diagnóstico quanto no tratamento. 

No Brasil, estima-se que existam 11 mil novos casos em adultos por ano, atingindo tanto homens quanto mulheres, principalmente a partir dos 65 anos, segundo dados do Hospital Albert Einstein.

No entanto, por se tratar de uma doença subdiagnosticada, é provável que o número de casos seja maior do que essa estimativa, por isso é tão importante saber o que é, entender suas causas e possíveis tratamentos. E é sobre isso que falarei neste artigo!

O que é a hidrocefalia?

A hidrocefalia é uma condição médica caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano (LCR) nas cavidades internas do cérebro, conhecidas como ventrículos cerebrais.

Este acúmulo de líquido provoca uma expansão dos ventrículos, o que pode levar a um aumento da pressão dentro do crânio, afetando o tecido cerebral.

Essa condição pode ser congênita, presente no nascimento, ou adquirida, desenvolvendo-se ao longo da vida devido a lesões ou doenças. Existem dois tipos principais de hidrocefalia: a comunicante e a não comunicante.

Na comunicante, o fluxo de LCR é bloqueado depois de sair dos ventrículos, enquanto na hidrocefalia não comunicante, o bloqueio ocorre dentro dos ventrículos. Esta distinção é importante para determinar a abordagem terapêutica mais adequada.

A condição pode manifestar-se através de uma variedade de sintomas, que variam dependendo da idade do paciente e da gravidade da condição.

Quais são as principais causas?

As principais causas da hidrocefalia são:

  • Malformações congênitas;
  • Infecções do sistema nervoso central;
  • Traumatismo craniano;
  • Hemorragias intracranianas;
  • Tumores cerebrais;
  • Complicações de cirurgias neurológicas.

Malformações congênitas

As malformações congênitas, como a espinha bífida, podem interferir na normal circulação e absorção do líquido cefalorraquidiano (LCR), levando à hidrocefalia. Essas condições são muitas vezes detectadas ainda durante a gravidez ou logo após o nascimento.

Infecções do sistema nervoso central

Infecções como meningite ou encefalite podem causar inflamação e bloqueio dos caminhos que drenam o LCR, resultando em hidrocefalia. Tais infecções são particularmente perigosas e exigem tratamento imediato.

Traumatismo craniano

Lesões graves na cabeça podem levar ao acúmulo de LCR devido a obstruções ou danos nos mecanismos de drenagem. Em casos de traumatismo craniano, a hidrocefalia pode desenvolver-se imediatamente ou semanas após o incidente.

Hemorragias intracranianas

Hemorragias, particularmente em recém-nascidos prematuros, podem bloquear a absorção do LCR. Hemorragias subaracnóideas em adultos também podem levar à hidrocefalia, devido a um bloqueio semelhante.

Tumores cerebrais

Tumores no cérebro ou na coluna vertebral podem bloquear o fluxo de LCR, causando hidrocefalia. O tratamento destes tumores muitas vezes envolve a gestão da hidrocefalia como uma complicação associada.

Complicações de cirurgias neurológicas

Procedimentos cirúrgicos no cérebro ou na coluna vertebral, por vezes, resultam em complicações que podem afetar a circulação normal do LCR, levando à hidrocefalia.

O monitoramento cuidadoso após tais cirurgias é crucial para detectar e tratar essa condição precocemente, e evitar que o problema se agrave.

Quais são os sintomas da hidrocefalia?

A hidrocefalia apresenta sintomas variados, dependendo da idade do paciente. Em bebês, um dos sinais mais evidentes é o aumento rápido do tamanho da cabeça, acompanhado por fontanelas (as “moleiras”) abauladas e tensas.

Além disso, bebês com hidrocefalia podem exibir irritabilidade, sonolência excessiva, vômitos e olhar voltado para baixo, conhecido como “sinal do sol poente”. Esses sintomas refletem a pressão crescente dentro do crânio.

Em crianças mais velhas e adultos, a hidrocefalia pode causar dores de cabeça severas, náuseas, vômitos (frequentemente pior pela manhã), problemas como visão embaçada ou dupla, e dificuldades de equilíbrio.

Outros sintomas em adultos incluem letargia, mudanças na personalidade ou no comportamento, e desafios cognitivos, como perda de memória ou dificuldades de concentração.

Estes sintomas podem se desenvolver gradualmente e, por vezes, podem ser erroneamente atribuídos a outras condições, especialmente em idosos.

Além disso, a hidrocefalia pode causar sintomas físicos como dificuldade para andar, incontinência urinária e rigidez muscular, principalmente nas pernas.

Nos estágios avançados, se não tratada, a condição pode levar a danos cerebrais graves, afetando significativamente a qualidade de vida do paciente e podendo até ser fatal.

Quais são os tratamentos?

O tratamento da hidrocefalia foca principalmente na redução da pressão intracraniana causada pelo excesso de líquido cefalorraquidiano (LCR) e na prevenção de danos ao tecido cerebral. 

Um dos tratamentos mais comuns é a inserção cirúrgica de um dispositivo chamado derivação (shunt). Este sistema de drenagem consiste em um tubo longo e flexível, com uma válvula que regula o fluxo de LCR.

A derivação desvia o líquido do cérebro para outra parte do corpo, geralmente o abdômen, onde o LCR pode ser absorvido pelo sistema circulatório.

Este procedimento alivia a pressão no cérebro e ajuda a controlar os sintomas. Contudo, as derivações podem ter complicações, como infecções ou bloqueios, exigindo monitoramento e, às vezes, cirurgias adicionais.

Outra opção é a ventriculostomia endoscópica do terceiro ventrículo (ETV), um procedimento menos invasivo que envolve a criação de um buraco no fundo de um dos ventrículos para permitir que o LCR flua para fora do cérebro.

Esta técnica é muitas vezes preferida em casos específicos de hidrocefalia não comunicante, mas não é adequada para todos os pacientes.

Além das intervenções cirúrgicas, o tratamento pode incluir terapias de reabilitação, como fisioterapia e terapia ocupacional, especialmente quando a condição causa problemas de mobilidade ou atrasos no desenvolvimento.

Foi possível entender o que é a hidrocefalia? Portanto, se tiver qualquer suspeita, entre em contato comigo, Dr. Victor Emmanuel, e marque uma consulta hoje mesmo!

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